sábado, 29 de março de 2014

Trans Europe Express - Kraftwerk

Ficha Técnica:

Banda: Kraftwerk
Álbum: Trans Europe Express
Ano: 1977
Selo: EMI
Tipo: Estúdio

Faixas:

1 - "Europe Endless" (Ralf Hütter, Florian Schneider) – 9:35 
2 - "The Hall of Mirrors" (Ralf Hütter, Florian Schneider, Emil Schult) – 7:50 
3 - "Showroom Dummies" (Ralf Hütter) – 6:10 
4 - "Trans-Europe Express" (Ralf Hütter, Emil Schult)1 – 6:40 
5 - "Metal on Metal" (Ralf Hütter) – 6:52 
6 - "Franz Schubert" (Ralf Hütter) – 4:25 
7 - "Endless Endless" (Ralf Hütter, Florian Schneider) – 0:55

Integrantes:

Ralf Hütter - sintetizadores, voz.
Florian Schneider - sintetizadores, voz. 
Karl Bartos - percussão eletrônica.
Wolfgang Flür - percussão eletrônica.


[...]

Boa tarde amigos da música inteligente!

Vamos falar de música eletrônica?

Quanto ao tema em baila, após uma generosa "torcida de nariz", determinado público musical não compreende a música eletrônica como música de qualidade. Até certa medida, tal pré-conceito é aceitável; via de regra, a música pop (no sentido popular da alcunha) atual, é de péssima qualidade.

Nesse sentido, há, atualmente, um paradoxo no que tange a música eletrônica: há uma vertente de qualidade, cujo exemplo mais recente baseia-se no estrondoso sucesso do Daft Punk, com sua obra-prima (na minha opinião) Random Access Memories, e há uma vertente, atualmente majoritária, de péssima qualidade, cujo exemplo mais recente, por sua vez, baseia-se na imbecilidade coletiva ocorrida no show do David Guetta, que derrubou um pendrive de seu computador e, "coincidentemente", sua música parou de sair no P.A. (que atende pelo nome de plágio); não obstante, seu público adolescente, aplaudiu o feito (veja aqui).

Entretanto, em que pese a música popular majoritária atravessar um processo de imbecilidade massificada coletiva, para toda regra há uma exceção; há, sim, música eletrônica de extremada qualidade, e o que é curioso: elaborada desde a década de setenta. Refiro-me, é claro, aos gênios do Kraftwerk.

No final dos anos sessenta e início dos anos setenta do século XX, a música alemã atravessa uma vertente experimental denominada krautrock e, concomitantemente, a cena musical popular era dominada pelo rock psicodélico e progressivo, com o início da utilização de sintetizadores - espécie de instrumento musical eletrônico "gerador" de sons artificiais. Nesse contexto e ante essas influências, surgia o Kraftwerk, grupo alemão fundado por Florian Scneider e Ralf Hütter, que significa usina de energia em alemão.

Sob uma postura vanguardista em referência à música eletrônica, somente na década de 70, o Kraftwerk lançou sete álbuns. Nosso destaque, à priori, fica para o estrondoso sucesso de "Autobahn", álbum que mesclara a música eletrônica ao rock progressivo, contando inclusive com faixas longas, amplamente elaboradas à época. Sem dúvida, Autobahn é uma das obras-primas do grupo alemão.

Nosso principal destaque, porém, vide o título da postagem, fica por conta de Trans Europe (ou Europa, como fora lançado na Alemanha) Express, obra-prima considerada não apenas em relação à sua carreira, mas sim em relação a história da música popular ocidental.

Lançado em 1977, o Kraftwerk recriou-se em Trans Europe Express; há uma clara influência da música clássica em suas melodias brilhantemente arranjadas para a sua música; indo além, o trabalho sequencial no que tange ao uso de elementos eletrônicos fora todo renovado. O resultado? Uma música pop eletrônica inteligente e de extremado bom gosto.

Não à toa, o álbum em referência é considerado pela crítica especializada (bleah!) um dos maiores da história, alcançando marcas interessantes, como, exemplificativamente, o trigésimo sexto melhor álbum de todos os tempos para o New Musical Express e o ducentésimo quinquagésimo terceiro lugar entre os quinhentos melhores álbuns de todos os tempos segundo a Revista Rolling Stone. Particularmente, sou avesso a lista de melhores, ainda mais quando elaboradas pela crítica pseudo especializada; mas vale a marca, neste caso, para ratificar a qualidade do álbum em baila.

O som do Kraftwerk, de maneira generalizada, pode não agradar na primeira audição; porém, vale o exercício, de extremado bom gosto e absolutamente viciante.

Ainda na ativa, os revolucionários alemães influenciaram os mais variados gêneros musicais e artistas da música pop; falamos aqui de David Bowie, Joy Division, New Order, Duran Duran, Iggy Pop etc., além de toda cena musical megalômana e new wave da década de oitenta. 

A música de qualidade, meus amigos, vai além de rótulos e, acima de tudo, é atemporal. 


Autobahn - Full Album

Trans Europe Express Full Album

Enjoy!

Trans Europe Express, por Kraftwerk. Por que há música eletrônica de qualidade!



Trans Europe Express - Kraftwerk

Ficha Técnica:

Banda: Kraftwerk
Álbum: Trans Europe Express
Ano: 1977
Selo: EMI
Tipo: Estúdio

Faixas:

1 - "Europe Endless" (Ralf Hütter, Florian Schneider) – 9:35 
2 - "The Hall of Mirrors" (Ralf Hütter, Florian Schneider, Emil Schult) – 7:50 
3 - "Showroom Dummies" (Ralf Hütter) – 6:10 
4 - "Trans-Europe Express" (Ralf Hütter, Emil Schult)1 – 6:40 
5 - "Metal on Metal" (Ralf Hütter) – 6:52 
6 - "Franz Schubert" (Ralf Hütter) – 4:25 
7 - "Endless Endless" (Ralf Hütter, Florian Schneider) – 0:55

Integrantes:

Ralf Hütter - sintetizadores, voz.
Florian Schneider - sintetizadores, voz. 
Karl Bartos - percussão eletrônica.
Wolfgang Flür - percussão eletrônica.


[...]

Boa tarde amigos da música inteligente!

Vamos falar de música eletrônica?

Quanto ao tema em baila, após uma generosa "torcida de nariz", determinado público musical não compreende a música eletrônica como música de qualidade. Até certa medida, tal pré-conceito é aceitável; via de regra, a música pop (no sentido popular da alcunha) atual, é de péssima qualidade.

Nesse sentido, há, atualmente, um paradoxo no que tange a música eletrônica: há uma vertente de qualidade, cujo exemplo mais recente baseia-se no estrondoso sucesso do Daft Punk, com sua obra-prima (na minha opinião) Random Access Memories, e há uma vertente, atualmente majoritária, de péssima qualidade, cujo exemplo mais recente, por sua vez, baseia-se na imbecilidade coletiva ocorrida no show do David Guetta, que derrubou um pendrive de seu computador e, "coincidentemente", sua música parou de sair no P.A. (que atende pelo nome de plágio); não obstante, seu público adolescente, aplaudiu o feito (veja aqui).

Entretanto, em que pese a música popular majoritária atravessar um processo de imbecilidade massificada coletiva, para toda regra há uma exceção; há, sim, música eletrônica de extremada qualidade, e o que é curioso: elaborada desde a década de setenta. Refiro-me, é claro, aos gênios do Kraftwerk.

No final dos anos sessenta e início dos anos setenta do século XX, a música alemã atravessa uma vertente experimental denominada krautrock e, concomitantemente, a cena musical popular era dominada pelo rock psicodélico e progressivo, com o início da utilização de sintetizadores - espécie de instrumento musical eletrônico "gerador" de sons artificiais. Nesse contexto e ante essas influências, surgia o Kraftwerk, grupo alemão fundado por Florian Scneider e Ralf Hütter, que significa usina de energia em alemão.

Sob uma postura vanguardista em referência à música eletrônica, somente na década de 70, o Kraftwerk lançou sete álbuns. Nosso destaque, à priori, fica para o estrondoso sucesso de "Autobahn", álbum que mesclara a música eletrônica ao rock progressivo, contando inclusive com faixas longas, amplamente elaboradas à época. Sem dúvida, Autobahn é uma das obras-primas do grupo alemão.

Nosso principal destaque, porém, vide o título da postagem, fica por conta de Trans Europe (ou Europa, como fora lançado na Alemanha) Express, obra-prima considerada não apenas em relação à sua carreira, mas sim em relação a história da música popular ocidental.

Lançado em 1977, o Kraftwerk recriou-se em Trans Europe Express; há uma clara influência da música clássica em suas melodias brilhantemente arranjadas para a sua música; indo além, o trabalho sequencial no que tange ao uso de elementos eletrônicos fora todo renovado. O resultado? Uma música pop eletrônica inteligente e de extremado bom gosto.

Não à toa, o álbum em referência é considerado pela crítica especializada (bleah!) um dos maiores da história, alcançando marcas interessantes, como, exemplificativamente, o trigésimo sexto melhor álbum de todos os tempos para o New Musical Express e o ducentésimo quinquagésimo terceiro lugar entre os quinhentos melhores álbuns de todos os tempos segundo a Revista Rolling Stone. Particularmente, sou avesso a lista de melhores, ainda mais quando elaboradas pela crítica pseudo especializada; mas vale a marca, neste caso, para ratificar a qualidade do álbum em baila.

O som do Kraftwerk, de maneira generalizada, pode não agradar na primeira audição; porém, vale o exercício, de extremado bom gosto e absolutamente viciante.

Ainda na ativa, os revolucionários alemães influenciaram os mais variados gêneros musicais e artistas da música pop; falamos aqui de David Bowie, Joy Division, New Order, Duran Duran, Iggy Pop etc., além de toda cena musical megalômana e new wave da década de oitenta. 

A música de qualidade, meus amigos, vai além de rótulos e, acima de tudo, é atemporal. 


Autobahn - Full Album

Trans Europe Express Full Album

Enjoy!



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Os Álbuns Conceituais e Thick as a Brick: O clássico dos clássicos.


Thick as a Brick - Jethro Tull

Ficha técnica:

Banda: Jethro Tull
Álbum: Thick as a Brick
Ano: 1972
Selo: Chrysalis
Tipo: Estúdio

Faixas:
1. Thick As A Brick – Part 1 – 22’39
2. Thick As A Brick – Part 2 – 21’05

Integrantes:
Ian Anderson – voz/flauta/violão/violino/saxofone e trompete
Martin Barre – guitarras e alaúde
Barriemore Barlow – bateria e percussão
Jeffrey Hammond-Hammond – baixo e narração
John Evans – piano/órgão/cravo e sintetizadores
Músico convidado:
David Palmer – arranjo de cordas e condução

[...]

Boa tarde amigos da música inteligente!

Hoje, em tela, uma nova resenha, seguindo na linha do rock progressivo, que corroborará o Jethro Tull, uma das maiores e melhores bandas do gênero, mais especificamente sobre um de seus álbuns conceituais, o clássico "Thick as a Brick".

Para quem desconhece o significado de álbum conceitual, cumpre inicialmente esclarecê-lo; basicamente, trata-se de um álbum com uma ideia única, onde todas as músicas contribuem para a mesma temática. Além de Thick as a Brick, são outros exemplos de álbuns conceituais o clássico  "In the Court of the Crimson King" do King Crimson, os excelentes "2112" e "Hemispheres" do Rush, o pretensioso "Tales From Topographic Oceans" do Yes, além daquela que considero a fase mais criativa do Pink Floyd, com "The Dark Side of the Moon", "Wish you were Here", "Animals" e "The Wall", só para citar alguns exemplos.

E hoje escolhi Thick as a Brick por considerá-lo o maior clássico conceitual da história do rock; neste trabalho, Ian Anderson, líder da banda, esbanjou criatividade, crítica e qualidade musical sui generis ao som do Jethro Tull, uma banda que nascera com uma ideia de Blues Rock e que flertara com o Rock Progressivo, em especial na década de setenta.

Thick as a Brick fora inicialmente idealizado como forma de crítica, por parte de Ian Anderson, a rotulação de seu álbum anterior, "Aqualung" - outro clássico absoluto e maior sucesso comercial da história da banda - como conceitual, já que, evidentemente, Anderson não o via desta forma. Sendo assim, Thick as a Brick veio a mostrar o que, para o referido líder, era realmente um álbum conceitual.

Sua temática traz à baila a má influência que a sociedade moderna e preponderantemente materialista exerce sobre as pessoas, de maneira a não permitir que elas pensem por si próprias. Até onde se sabe, Thick as a Brick é uma gíria que advém do norte da Inglaterra, ora pejorativa à imbecilidade individual.

Liricamente, Thick as a Brick é um poema de pseuda autoria do garoto Gerald Bostock, personagem de Anderson, verdadeiro autor do poema.

Instrumentalmente, o álbum traz elementos da música folk e clássica, com constantes variações de células rítmicas, temáticas harmônico-melódicas e de estilo, por assim dizer.

Conforme supradescrito na Ficha Técnica, a música tema é una e dividia em duas partes. Na primeira parte, Gerald Bostock é uma criança de oito anos, e na segunda parte, é um adulto.

Na introdução, Anderson traz à baila a história que será discorrida nos próximos quarenta e três minutos, criticando a sociedade ab initio, que, para ele, é tomada pela cobiça e pela ganância. As pessoas, para Anderson, agem instintivamente, destarte, irracionalmente, elegendo outras pessoas a pensarem por elas.

Ato contínuo, Anderson se utiliza de uma metáfora para criticar a mutabilidade da sociedade, capaz de se desvincular e substituir crenças religiosas, moral e bons costumes com enorme rapidez e desapego, o que novamente sugere a falta de crítica na contemporaneidade.Nesse prisma, os jovens não são estimulados a formarem uma opinião própria sobre sua própria realidade, tampouco a desenvolverem suas qualidades intrínsecas. O ser humano nasce e é engolido por um sistema que simplesmente estimula o exercício de um trabalho produtivo para a massa, além de costumes preestabelecidos e pré-ordenados que não admitem mudanças. A perversidade é tamanha que, além da falta de crítica e desta espécie de cabresto intelectual, o cidadão é instruído a sentir-se feliz com esta vida.

Metaforicamente, Anderson narra a história de Gerald que, ainda criança, decide tentar lutar contra o sistema, pois admira os poetas que, em seu belo trabalho, buscam alertar a sociedade para uma diferente realidade por meio de sua arte, mas que acabam por ela (sociedade) engolida.

Gerald, no entanto, logo percebe o quão difícil é travar essa luta do agir X pensar, não exatamente optando mas, imperceptivelmente, agindo conforme os ditames sociais, conquistando o poder e induzindo a continuidade do processo de alienação popular. Mais uma vez, a crítica à lavagem cerebral pela qual somos diariamente induzidos é posta em tela.

Utilizando-se de novas metáforas, Anderson critica os hippies, que surgem como uma crítica uniforme a todos que se dizem contra o sistema mas que, no entanto, não lutam para mudá-lo. Ato contínuo, para Anderson, até os que se dizem contra o sistema fazem parte deste, pois ao querer que se acredite em uma crença, ainda que incomum é, de certa forma, outra forma de alienação.

Ainda para o líder do Jethro Tull, o conhecimento é antropológico, enraizado dentro de nós e encontrado também na natureza, portanto, ainda que queiram, o processo de alienação social pode e sempre poderá ser contestado pelo nosso senso crítico. Não à toa, o final de "Thick as a Brick" traz uma espécie de último alerta, por assim dizer,  onde Anderson direciona sua mensagem a todos aqueles que estão construindo a sua própria moral, crença e inteligência, metaforizados pelos castelos de areia - metáfora constante na poesia como um todo - os quais não foram destruídos pela maré, aqui metaforizada pelo senso comum. Sendo assim, a todos aqueles que ainda podem tomar decisões sobre suas próprias vidas devem resistir aos males do senso comum social, num processo de auto-questionamento, onde o cerne deve ser a crítica a restrição da vontade pessoal, o porque das guerras, mortes e violência e, por fim, o porque do receio ao sistema, se juntos e, paradoxalmente individualmente, somos muito mais.

Por todo o exposto, é de se enaltecer a genialidade de Ian Anderson e do Jethro Tull como um todo, por fazer uma crítica tão absolutamente atemporal à sociedade - da política do pão e circo à necessidade da tecnologia e a obrigatoriedade de se ter um iphone - tão voltada para o materialismo e para um conceito individualista, sem se dar conta que há todo um sistema trabalhando para que você seja apenas mais um (another brick in the wall), com um pensamento pré-ordenado, desprovido da capacidade de crítica e, não obstante, que lhe permite acreditar que esta vida lhe é suficiente e, portanto, devemos nos sentir felizes por se utilizar de um cabresto intelectual, sempre em prol do sistema, romanticamente chamado de "bem comum". Neste diapasão, é de se pensar que quaisquer semelhanças entre o feriado que está por vir na semana que vem e o evento que receberemos no Brasil no meio do ano não são meras coincidências.

Thick as a Brick é um dos álbuns que já "nasceu" clássico, um verdadeiro hino da música inteligente. Eu recomendo!

Thick as a Brick - Full Album

Thick as a Brick Live - 2012

Old Jethro Tull

 Enjoy!



 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O "pop progressivo" do Yes - Uma aula de música.



Boa tarde amigos da música inteligente!

Hoje, vide o título do post, gostaria de falar-lhes sobre o Yes, que para mim é a maior banda de rock progressivo da história e, evidentemente, uma de minhas "bandas de cabeceira".

Inicialmente, cumpre esclarecer já dissertei sobre rock progressivo em outras oportunidades aqui no blog (ver em In a Glass House - Gentle Giant; Selling England by the Pound - Genesis; Focus III - FocusAwake - Dream Theater - e ainda há muito mais por vir), no entanto, não vejo outra maneira de falar em Yes sem, ainda que muito brevemente, escrever sobre a história do rock progressivo, que invariavelmente se confunde com a sua própria história. Senão vejamos.

O rock progressivo surgiu com força na Inglaterra, no final da década de sessenta, como uma espécie de "passo adiante", via de regra, ao rock psicodélico, muito popular na época. Neste prisma, bandas como Pink Floyd e o próprio Yes iniciaram suas respectivas carreiras com álbuns psicodélicos, mas logo amadureceram o estilo em tela (rock progressivo), de certa forma criando-o, fortalecendo-o e popularizando-o.

Ato contínuo, as principais influencias do rock progressivo clássico são o rock psicodélico, a música clássica e o jazz rock (ou fusion, como muitos preferem intitular, inclusive este blogueiro que vos fala). Outras bandas, porém, foram influenciadas pelo blues (Jethro Tull), folk (Focus), e até pelo hard rock e heavy metal (Rush), incrementando-os com uma sonoridade muito específica e em uma linguagem musical complexa.

Ocorre que as bandas mais populares que flertaram com o estilo moldaram-lo de forma sui generis; com músicas longas, letras fictas, instrumentais megalômanos, álbuns conceituais, instrumentos musicais clássicos e afins. Sendo assim, o referido estilo musical desvirtuou, de certa forma, a essência do rock, que era simples e cheio de atitude; não a toa, muitos não consideram o rock progressivo como rock, mas sim, como música progressiva. Em outras palavras, os fãs mais conservadores do rock  torceram (e ainda torcem) o nariz para o referido gênero musical.

No entanto, sob a minha ótica, o rock progressivo não é apenas caracterizado pelos adjetivos supra; a música, quando de qualidade - como sempre gosto de ressaltar - é muito mais do que isso. Neste diapasão, bandas menos populares do estilo em baila não se utilizaram  de todos os elementos acima arrolados (e aqui, meu exemplo preferido é o Gentle Giant). Mas essa é outra discussão, que retornará em futuras oportunidades.

Voltando a história, após aproximadamente dez anos de enorme popularidade musical, o rock progressivo foi perdendo a força devido ao surgimento de novos estilos musicais, como a new wave e o ska, e ao ressurgimento do rock clássico por meio do punk rock, que ia na contra-mão da complexidade musical no rock, por entendê-lo de forma simples e novamente agressiva. A popularidade se foi, mas seus fãs permaneceram, muitos dos quais tão conservadores quanto os amantes do rock simplificado; conclui-se, portanto, que se o fã do rock simplificado torce o nariz para o rock progressivo, a recíproca é tão válida quanto verdadeira.
      
E o Yes, caro leitor, vivenciou todas essas fases musicais acima mencionadas. O inicio psicodélico, com seu primeiro álbum auto-entitulado até "The Yes Album"; seu auge progressivo, com verdadeiras obras primas, como "Close to the Edge", "Fragile", "Relayer", "Tales From Topographic Oceans" etc.; até o pop e a new wave, com os excelentes 90125, The Big Generator etc.

Entretanto, conforme supradito, se os fãs conservadores do rock progressivo torcem o nariz para a cena musical dos anos 80, é de se imaginar que a rejeição do Yes quando compôs nessa linha fora absoluta, correto?

Chegamos, caros amigos, a baila do post de hoje no Planeta Música Inteligente!

Foram tantas as formações do Yes que nem cabe mencioná-las em específico; para o post em tela, há que se ressaltar, tão somente, dois guitarristas da história da banda que influenciaram sua música em dois quase absolutos opostos, quais sejam o clássico Steve Howe e o moderno Trevor Rabin.

Steve Howe advém da escola da música clássica. Ponto. Não é adepto de quaisquer distorções na guitarra, gosta de experimentar diferentes timbres em diferentes instrumentos de corda, é um magnífico compositor de peças para violão clássico, e faz backing vocals com competência.

O sul-africano Trevor Rabin, por sua vez, advém de uma escola musical mais popular, é adepto as guitarras distorcidas, é excelente compositor (inclusive de trilhas sonoras para o cinema) e um cantor, na minha opinião, excepcional.

De minha parte, não há preferência entre um ou outro. Ambos são excepcionais, cada qual a sua maneira, e trabalham de maneira diferente. A arte, em sua infinita beleza, torna incomparável dois artistas acima da média; e Howe e Rabin o são.

Howe representa o rock progressivo do Yes. O popular rock progressivo do Yes. O estilo que consagrou a banda e conquistou a admiração de milhares de fãs por todo o planeta, influenciado diversas outras bandas até hoje.

Rabin representa a chamada "fase pop" do Yes. Sim, pop, que advém de popular, ou seja, que pertence e concerne ao povo, que desperta a sua simpatia e o torna, destarte e por obvio, muito famoso e conhecido.

Não a toa, o maior sucesso comercial do Yes é o álbum 90125, com clássicos absolutos, como Owner of a Lonely Heart, Changes e Hold On.

E a receita para a popularização, à época, era óbvia; músicas com menor duração, com fórmulas melódico / harmônicas mais simples, instrumentais com células rítmicas menos massantes e afins. O Yes caiu no gosto do público menos "cult" e mais liberal oitentista, com absoluto mérito para Rabin.

Os fãs ortodoxos, conservadores e até extremos da banda e do gênero progressivo foram absolutamente contrariados com a inserção do pop sintetizado na sonoridade do Yes. Onde foram parar as grandes suítes de Relayer, os instrumentais complexos de Close to the Edge, as letras astrológicas, quiçá astronômicas e viajadas de Tales From Topographic Oceans e afins? "O Yes se vendeu", foi (e é até hoje) o que disseram seus antigos fãs. E, no fundo, não se pode culpá-los. O choque deve (pois não o vivenciei) ter sido enorme.

Mas...

Eu, fã das duas fases da banda, prefiro a fase popular do Yes.

Batendo novamente na mesma tecla, a música de qualidade INDEPENDE de rótulos. O Yes antigo e o moderno são bandas distintas, com sonoridades distintas, mas ambas de extremada qualidade. Os músicos que passaram e fizeram parte da banda formaram uma verdadeira seleção de melhores em seus estilos. Se a composição do Yes fora sempre complexa, suas performances ao vivo sempre excederam expectativas. E a sonoridade pop do Yes, em referência aos anos oitenta, nunca fora menos complexa; apenas mais popular, que são duas coisas absolutamente distintas.

Mas a mudança no gênero musical nos anos oitenta do século XX não fora exclusividade do Yes. O Genesis e o Rush, só para citar dois exemplos, também compuseram em diferentes linguagens musicais. Afinal de contas, VIVA a diferença e VIVA a novidade ;) .

Quando progressivo, o Yes fora popular; quando pop rock, o Yes fora ainda mais popular. Dai advém o "pop progressivo", pois enfim, independentemente do gênero musical experimentado e executado pelo Yes ao longo dos mais de cinquenta anos da banda, sua música jamais perdeu a qualidade e essência, que corrobora, sem sombra de dúvidas, o melhor da música inteligente, e, ademais, uma verdadeira aula de música e referência a cantores e instrumentistas ao redor do mundo, independentemente de rótulos e afins.

A música de qualidade, meus amigos, deve ser vista sem preconceitos; seja pop, rock, samba, ska, progressiva, folk ou afins, o que importa é que ela toque nossos ouvidos e corações, dai a qualidade, dai a legitimidade do músico quando a compôs.

Algumas indicações do "Yes Pop":

90125, com os maiores sucessos comerciais da banda:


The Big Generator, com a fantástica "Love Will Find Away":

   
E, enfim, Talk, meu álbum favorito da fase mais popular da banda, com Rabin na guitarra e a melhor mix e master de batera de todos os álbuns da banda, na minha opinião:


Ademais, se a sugestão de áudio fora a popular, a de vídeo é a clássica, com o excepcional "Yes Symphonic Live", um de meus shows favoritos de todos os tempos, apenas para ressaltar que ambas as fases são especiais para o meu gosto, fã da banda, que gostaria que a música de qualidade fosse vista sem preconceitos:

Yes Symphonic Live

A título de curiosidade, quando comprei o DVD supra, o assisti todas as noites por pelo menos dois anos.

Enjoy!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O "funk de boutique" do Jamiroquai - É bom e eu gosto!



Boa tarde amigos da música inteligente!

E hoje, dia de retorno do Planeta Música Inteligente, gostaria de falar-lhes sobre uma de minhas bandas favoritas de todos os tempos; o Jamiroquai.

Inicialmente, seria um desserviço desconsiderarmos nossos primeiros contatos com a música (inteligente) e, porque não, nossas primeiras influencias a título de vida, o que, sem dúvida, também corrobora o intelecto e, por consequência, a música (inteligente); meus primeiros contatos com o Jamiroquai foram por meio de meus irmãos, André, Emanuel e Denis, que antes de mim se interessaram pela banda e, direta ou indiretamente, me fizeram adorá-la, talvez não no sentido literal da palavra.

E não é para menos. O Jamiroquai é uma banda britânica (talvez meu berço musical favorito) do chamado "Jazz Funk" ou, para os mais rotulares, "Acid Jazz" (particularmente, me identifico mais com a simples denominação de Funk - aquele de verdade, é sempre bom ressaltar), liderada pelo extravagante Jay Kay, um frontman, no mínimo, competente.

Mas, atentemo-nos ao título do post, fazendo referência a um suposto "funk de boutique", rótulo que já li e ouvi ser utilizado pelos menos entusiastas do som da banda.

O tal "funk de boutique" é uma expressão pejorativa, frequentemente utilizada para satirizar o "acid jazz", com argumentos, na minha opinião falhos, que visam desmerecer o referido estilo musical em detrimento de um funk mais vanguardista, oriundo da segunda metade da década de sessenta, cujas principais influências vêm do Jazz e do R&B, mas com um groove mais enfático e mais sugestivo do que seus dois estilos influenciadores.

Em suma, inicialmente o funk fora executado por artistas negros, como James Brown e Stevie Wonder por exemplo, e, para os críticos do chamado "Acid Jazz", o "funk de boutique" nada mais é do que um funk negro sendo executado por músicos sem swing para fazê-lo; leia-se, um "funk de branquelos" (o que me lembra o clássico "Reggatta de Blanc" do Police; mas esse fica para outro post).

Particularmente, se é para falar em raça e música, sou um fã assumido da música negra; não há que se negar o talento, musicalidade, swing e desenvoltura sui generis de Miles Davis, John Coltrane, os supramencionados James Brown e Stevie Wonder e afins.

Mas, para mim, a música é e sempre será MUITO mais do que raça. A música de qualidade é sempre concomitante e nunca excluidora. A música de qualidade pode ser criada por brancos, negros, pardos, amarelos e afins; para a música de qualidade, na minha modesta opinião, não há fronteiras, sejam elas intelectuais ou ideológicas. Não a toa, assumidamente, a maior influência musical de Jay Kay, quiçá do Jamiroquai, é Stevie Wonder.

Portanto, "funk de boutique" ou não, o Jamiroquai é uma banda que faz uma música de extremada qualidade e que eu absolutamente recomendo à todos os públicos, pois, na minha modesta opinião, a música de qualidade possui linguagem universal, destarte, não há necessidade de nos prendermos a rótulos; ao roqueiro, ao jazzista, ao contrabaixista clássico e afins, recomendo sua audição, qual seja um excelente exercício para os ouvidos, uma alegria indescritível para as nossas pernas e um deleite intelectual.

 De sua discografia, destaco os excelentes "Emergency on Planet Earth" (disco de estreia da banda e meu favorito, diga-se de passagem);



 "The Return from Space Cowboy" e



"Travelling Without Moving" (seu maior sucesso comercial e uma verdadeira obra prima).




Enquanto isso, "pega" esse show e sinta toda a energia do maravilhoso "funk de boutique":

Jamiroquai - Live at Paleo

Enjoy!



O Retorno do Blogueiro Fã da Música Inteligente!

E lá se vão mais de dois anos sem dar as caras por aqui... mas voltei. 

E, espero, agora para ficar! 

E é com muito prazer que novamente lhes desejo boa tarde, amigos da música inteligente!

Voltando à baila o meu espaço intelectual favorito, aquele dedicado a música da melhor qualidade; seja rock, jazz, funk e/ou afins, é muito gratificante voltar a escrever sobre a música de qualidade! E, ratificando, espero que agora para ficar!

Voltando, a priori, uma breve justificativa:

Viver na frenética (e apaixonante) São Paulo, por muitas vezes, não nos permite desenvolver hobbys, atividades intelectuais não remuneradas e afins; portanto, ainda que seja difícil acreditar, me faltou tempo para escrever e vos falar sobre a música inteligente. 

Estive envolvido em outros projetos, me afastei das baquetas (pois, para quem não sabe, sou baterista), mas, aos poucos, pretendo retomar todas as atividades voltadas para a música (inteligente). E, o primeiro passo, fora reativar o Planeta Música Inteligente! 

Ademais, pretendo repaginar o que fiz até 2011 por aqui, ou seja, resenhas pormenorizadas dos meus discos favoritos de todos os tempos, classificando-os em ordem alfabética. Pormenorizadas, permita-me explicar-lhes, pela falta de detalhes pontuais música a música de um determinado álbum e a ordem alfabética para uma melhor organização cronológica. Mas, cumpre aqui esclarecer, minha predileção, evidentemente, não mudou. Não precisei nesses mais de dois anos ficar doce e, até então, não adquiri nenhum camaro amarelo. 

A partir de agora, semanalmente, pretendo tão somente escolher uma banda de minha predileção e escrever-lhes sobre ela; sem a indicação de um álbum ou música específica e sem necessariamente seguir uma ordem (alfabética, cronológica e afins).

E já começa hoje! 

In the next post: O "funk de boutique" do Jamiroquai.

Enjoy!

Aproveite para falar comigo; sugestões, críticas e afins são SEMPRE muito bem vindas. 

Grande abraço!